Odeio meu cabelo descontrolado, meus dentes separados, meu peito pequeno, minha perna grossa, minhas roupas, todas velhas. Amo a cor do meu cabelo no sol, meu sorriso aberto, meu peito que ainda fica em pé sem sutiã, minhas pernas grossas (!?), minha calça mais velha que deixa a minha bunda linda. Sei que sou inteligente, mas me acho burra. Me acho bonita, mas sei que não sou. Gosto que me toquem. Tanto que faço carinho em mim. Adoro beijo com gosto de cerveja. Não gosto de beijo com gosto de cigarro ou café ou arroz com feijão. Nem de beijos com bico. Prefiro o sexo de manhã ou no meio da tarde, com a luz do dia. Presto atenção em letras de música, porque sei que de vez em quando elas falam comigo. Gosto quando o Cazuza e o Renato falam comigo. Tenho todas as loucuras que só uma mulher sabe ter. Angústias escondidas que aparecem do nada de trás da parede só para me dar um susto quando eu jurava que estava feliz. Aquela certeza repentina de que a coisa mais estúpida do mundo deve ser feita e tem que ser agora, não pode esperar até a razão voltar. Também tenho outras loucuras só minhas, algumas que não conto nem para mim. Não gosto das pessoas. Mas gosto muito de algumas pessoas. Nem sempre tenho paciência para elas e peço desculpas. Acho os homens mais divertidos do que as mulheres. Gosto das piadas sujas deles e da maneira prática como vêem a vida. De como ficam felizes com um copo de chopp na mão. Da sinceridade que falta às mulheres. Estas sempre tentam parecer melhor do que são. Então são sempre piores do que parecem. Acho que sei mais da vida do que as outras pessoas. Mas não sei muito de mim. Tem dias que acho que seria mais feliz batendo bolos e fritando salgadinhos para uma penca de filhos. Uns parecidos comigo, outros parecidos com você.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
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